Este
artigo da revista
Veja
foi utilizado em uma das Ad's de Língua Portuguesa, com a intenção
de demonstrar o que é uma carta de leitor, curiosamente ele aborda
um conteúdo que estou estudando agora no 4° período, em avaliação
da aprendizagem, vamos ao artigo :
Ponto
de vista:
Stephen
Kanitz
Vamos
acabar com
as notas
"Imaginem
um sistema geral de
auto-avaliação em que os alunos
não mais estudariam para as provas,
mas estudariam para ser úteis na vida"
auto-avaliação em que os alunos
não mais estudariam para as provas,
mas estudariam para ser úteis na vida"
Damos
notas a hotéis, a videogames e a tipos de café. Mas faz sentido dar
notas a seres humanos como fazem as escolas e nossas universidades?
Ninguém dá a Beethoven ou à Quinta
Sinfonia uma
nota como 6.8, por exemplo.
O
que significa dar uma "nota" a um ser humano? Que naquele
momento da prova, ele sabia x% de tudo o que os professores gostariam
que ele soubesse da matéria. Mas saber "algo" significa
alguma coisa hoje em dia? Significa que você criará "algo"
no futuro? Que você será capaz de resolver os inúmeros problemas
que terá na vida? Que será capaz de resolver os problemas desta
nação?
É possível medir a capacidade criativa de um aluno? Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais? Por isso, não damos notas a Beethoven nem a Picasso, não há como medir criatividade.
Muitos
vão argumentar que o problema é somente aperfeiçoar e melhorar o
sistema de notas, que obviamente não é perfeito e as suas falhas
precisam ser corrigidas.
Mas
e se, em vez disso, abolíssemos o conceito de notas? Na vida real,
ninguém nos dará notas a cada prova ou semestre. Você só
perceberá que não está sendo promovido, que as pessoas não
retornam mais seus telefonemas ou que você não está mais
agradando.
Aliás,
saber se você está agradando ou não é justamente uma competência
que todo mundo deveria aprender para poder ter um mínimo de
desconfiômetro. Ou seja, deveríamos ensinar a auto-avaliação. Com
os alunos se auto-avaliando, dar notas seria contraproducente. Não
ensinamos a técnica de auto-avaliação, tanto é que inúmeros
profissionais não estão agradando nem um pouco como professores e,
mesmo assim, se acham no direito de dar notas a um aluno.
O
sistema de "dar" notas está tão enraizado no nosso
sistema educacional que nem percebemos mais suas nefastas
consequências. Muitos alunos estudam para tirar boas "notas",
não para aprender o que é importante na vida. Depois de formados,
entram em depressão pois não entendem por que não arrumam um
emprego apesar de terem tido excelentes "notas" na
faculdade. Foram enganados e induzidos a pensar que o objetivo da
educação é passar de ano, tirar nota 5 ou 7, o mínimo necessário.
Ninguém
estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas cenouras que colocamos na
sua frente. Ou seja, as "notas" de fim de ano. Educamos
pelo método da pressão e punição. Quando adultos, esses jovens
continuarão no mesmo padrão. Só trabalharão pelo salário, não
pela profissão.
Se
o seu filho não quer estudar, não o force. Simplesmente corte a
mesada e o obrigue a trabalhar. Ele logo descobrirá que só sabe ser
garçom ou porteiro de fábrica. Depois de dois anos no batente ele
terá uma enorme vontade de estudar. Não para obter notas boas, mas
para ter uma boa profissão.
Robert
M. Pirsig, o autor do livro Zen
e a Arte da Manutenção de Motocicletas,
testou essa ideia em sala de aula e, para sua surpresa, os alunos que
mais reclamaram foram os do fundão. São os piores alunos que querem
notas e provas de fim de ano. Os melhores alunos já sabem que
passaram de ano, muitos nem se dão ao trabalho de buscar o diploma.
Sem
notas, os piores alunos seriam obrigados a estudar, não poderiam
mais colar nas provas e se auto-enganar. Provas não provam nada, o
desempenho futuro na vida é que é o teste final.
Imaginem
um sistema geral de auto-avaliação em que os alunos não mais
estudariam para as provas, mas estudariam para ser úteis na vida.
Imaginem um sistema educacional em que a maioria dos alunos não
esqueceria tudo o que aprendeu no 1º ano, mas, pelo contrário, se
lembraria de tudo o que é necessário para sempre.
Criaríamos
um sistema educacional em que o aluno descobriria que não é o
professor que tem de dar notas, é o próprio aluno. Todo mês, todo
dia, todo semestre, pelo resto de sua vida.
Stephen
Kanitz é
administrador por Harvard(www.kanitz.com.br)
O
artigo coloca em xeque as maneiras de se avaliar o aluno, ele indica
um caminho, uma possível solução; mas será que é o suficiente?
Primeiro temos que pensar o seguinte, ainda não invetaram um método
capaz de avaliar o aluno de forma global, tampouco, cabe à
auto-avaliação essa função, sem qualquer intervenção do
professor. É claro, que ela é essencial, mas não devemos abolir os
outros instrumentos avaliativos, pois estes também são importantes
para o trabalho docente.
Então
como “medir” o que os alunos apreenderam? Segundo Lindeman (1972,
p. 30), “o objetivo usual da medida é fornecer dados que possam
ser usados no processo avaliativo”, ou seja, a avaliação é uma
forma de tornar claro as dificuldades dos alunos, e que serve para
direcionar o trabalho do professor com um aluno ou mesmo com o grupo.
O
problema surge quando a preocupação maior é medir para
classificar, hierarquizar e excluir. Uma avaliação eficiente é
aquela que consegue analisar a racionalidade utilizada para alcançar
o objetivo, ou seja, aquela que considera todo o processo de
aprendizagem, e, instiga o aluno a uma auto-avaliação. Assim, cabe
ao professor criar condições necessárias e organizar de forma
eficiente o processo de avaliação da aprendizagem dos seus alunos.
Essa
é uma perspectiva subjetivista de avaliação, aquela em que,
segundo Luckesi (1996, p.33), a avaliação “como um julgamento
de valor” e que “implica um juízo valorativo que
expressa a qualidade do objeto”. Características próprias
do paradigma Subjetivista ou
qualitativo, em que as preocupações com a objetividade
cientificamente construída não são evidentes, a Ciência contém
impregnações diversas e que não são neutras; pois quem faz a
ciência são os sujeitos com suas subjetividades e interesses. Por
isso a avaliação deve ser sempre contínua e diária, e estar
associada ao processo de ensino e aprendizagem. Além disso, a ênfase
avaliativa é deslocada dos produtos escolares para os processos, e o
aluno é colocado no centro dinâmico do processo de ensino e
aprendizagem.
Referências:LUCKESI,
C.C. Avaliação da Aprendizagem escolar: estudos e
proposições. São Paulo: Cortez, 1998.